DIA INTERNACIONAL DOS CIGANOS – Pastoral dos Ciganos

DIA INTERNACIONAL DOS CIGANOS

Começou a Semana Maior, aquela que os cristãos apelidam de Semana Santa, ao longo da qual se testemunha e procura viver o último e dificílimo percurso de Jesus, até à gloriosa vitória final da Ressurreição, que festejamos no próximo domingo, dia 12 de Abril.

Mas antes de chegarmos à Páscoa, teremos algo importante a celebrar – o Dia Internacional dos Ciganos. Instituído em 1971, constitui um preito de homenagem e o reconhecimento de um povo na sua dignidade.

Grupo étnico oriundo do noroeste da Índia, percorreu longos e variados caminhos, parando a espaços e deixando parte dos seus membros numa região, antes de avançar para outra, talvez desconhecida, onde esperava descobrir e alcançar a felicidade.

Escravizados uns tantos na Moldávia, a chegada ao ocidente europeu foi já no primeiro quartel do século XV, quando os Estados estavam organizados e as fronteiras delineadas. Mas, organizados em grupos, eram apenas tolerados temporariamente. Depois começaram as perseguições, as condenações a trabalhos forçados, à morte ou ao degredo.

Foi preciso ultrapassar a primeira metade do século XIX para em Portugal, por exemplo, se decretar que o facto de se nascer cigano, não mais justificaria uma condenação; e mais, para se passarem a aceitar como portugueses os ciganos nascidos em Portugal…

Tantas vicissitudes! Mas este povo iria ainda experimentar e viver os horrores imaginados e postos em prática pelo regime nazi. Estima-se em 500.000 o número de sacrificados e assassinados nos mesmos campos de morte em que pereceram milhões de judeus, além de outros.

Ora, sendo uma data festiva o oito de Abril, será lícito recordarmos estes acontecimentos deploráveis? Penso que sim, se esta lembrança constituir uma homenagem a todos os que sofreram as injustiças e as dores provocadas pela desumanidade.

Temos, no entanto, que fazer mais – festejar o facto de finalmente este povo ter sido reconhecido internacionalmente, repito, na sua dignidade de homens e mulheres que tem, como todos os outros, direito ao seu lugar neste mundo, que desejamos seja cada vez mais fraterno.

Levantemos, pois, a “taça” juntos, irmãos ciganos e não ciganos, a um mundo que seja mais de todos, para Todos!

Lisboa, 2020. Abril. 06

Fernanda Reis

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