CCIT – 2016 – Pastoral dos Ciganos


CCIT – 2016: 
O encontro anual do CCIT teve este ano lugar, de 8 a 10 de Abril, na Hungria, a norte de Budapeste, na cidade de Esztergom.

No artigo - 2ª foto

CCIT 2016

Foi seu tema aglutinador, “Na encruzilhada de caminhos: a Europa, a Igreja, a cultura, face à Misericórdia”. Foi um encontro curto, mas rico, em que participaram 155 pessoas de 18 países, sendo 99 leigos, 13 religiosos, 4 diáconos, 36 padres, 2 bispos e um cardeal. Esteve igualmente presente uma representação oficial do Vaticano, portadora de uma mensagem do Papa Francisco.

Através da comunicação de Géza Dúl, Director Nacional, fizemos uma aproximação à realidade cigana na Hungria. Constituindo os ciganos 7 a 8% da população do país, tem-se assistido a uma evolução positiva, nos últimos anos, no que respeita à obtenção da escolaridade completa.

 A Igreja Húngara, empenhada neste desafio, teve a iniciativa de criar e manter em funcionamento 60No artigo - 3ª fotoCentros de Actividades de Tempos Livres, que são frequentados por crianças ciganas. Ali, para além de tomarem algumas refeições, recebem apoio ao estudo, fazem trabalhos manuais, praticam desporto, têm aulas de canto e de várias modalidades de dança.

A conferência de fundo, sob o tema “O olhar da proximidade cultural a partir de baixo”, foi proferida pelo Padre Vito Impellizeri, que sublinhou como “a Igreja tem o dever,No artigo - 4ª fotoem todos os momentos, de escutar os sinais dos tempos e de os interpretar à luz do Evangelho” (Vat. II, G.S, 4). Depois de dar o sentido do necessário encontro com “o outro”, lembrou a dificuldade que, muitas vezes, temos ao olhar, de sairmos de nós mesmos. Nesse sentido ilustrou o seu pensamento com uma interpretação da construção da Torre de Babel, apontando o risco que correram os que se empenharam arduamente na sua construção, degrau a degrau, olhando sempre para cima.

Assim, chegaram tão alto que já não conseguiam olhar para baixo! A imagem levou-o a convidar cada participante a questionar-se: “estou disposto a levar a sério as bem-aventuranças do pobre, do misericordioso, do construtor da paz? Ou, na construção que fui fazendo também já não consigo olhar para baixo, nem imaginar-me na base, ou, menos ainda, no último lugar?”

Com a dinâmica lançada seguiram-se os trabalhos em grupo, nos quais se debateu, entre outros aspectos, a grande questão, “no cruzamento dos caminhos está a própria vida dos ciganos. Podemos dizer que eles são capazes de mudança, de ultrapassar as fronteiras geográficas, culturais, sociais. E as nossas sociedades? Temem as encruzilhadas porque geram incertezas? Julgam-se perfeitas e hesitam em enquadrar novos elementos, como se isso constituísse uma ameaça? Ou entusiasmam-se com as oportunidades de caminhar «a par»?”

O encontro culminou na Eucaristia de domingo, da qual destacamos uma passagem da homilia do Cardeal Erdõ Péter:

No artigo - 5ª foto“… A boa nova do Evangelho é dirigida a todos os povos. Cada um recebeu o chamamento à conversão, para que aceite Cristo com fé e também o seu convite para a alegria eterna. Do ponto de vista do amor de Deus e da salvação, não há diferença entre os povos. Como S. Paulo escreveu, “não há mais judeu nem grego; não há mais escravos nem homens livres, não há homens nem mulheres, porque todos vós não sois senão um em Jesus Cristo” (Gal 3, 28). Isto não quer dizer que devêssemos esquecer a nossa língua materna, as nossas tradições, ou que o cristianismo nos queira transformar em membros de uma multidão informe, insignificantes e privados dos seus traços característicos. A história da Europa testemunha que a fé cristã não suprimiu a identidade, a língua, a cultura dos povos, mas iluminou-a e desenvolveu-a. A cristandade imprimiu a sua marca na face actual das nações Europeias.

Ao contrário, como o milagre de Pentecostes nos mostra, os ouvintes, que pertenciam a diferentes povos, compreenderam a palavra de S. Pedro, não porque se tivessem esquecido da sua língua, bem pelo contrário, mas porque eles ouviram na sua própria língua a mesma Boa Nova (cf Act 2, 8-11).

O Evangelho de Cristo coloca-nos em relação com Deus e une-nos uns aos outros numa comunidade fraterna. É por isso que é importante que na comunidade eclesial todos se sintam em sua própria casa: ciganos e não ciganos, húngaros e franceses, ou os filhos, não importa de que povo. Não pode, pois, dizer que a Igreja «acolhe» os ciganos, mas é fundamental reconhecer que eles são, na Igreja, membros com direitos iguais, eles estão nela também em sua casa, como qualquer outra pessoa. Ao mesmo tempo, Deus não deseja que abandonemos a riqueza das culturas por Ele criadas. Por isso, é justo que eles permaneçam no quadro da Igreja, das comunidades populares, cultivando a respectiva língua materna, em paróquias personalizadas. Aqui em Esztergom há uma paróquia personalizada sob a direcção do Bispo Székely János. A missão desta paróquia consiste precisamente nisso, isto é, que na proximidade de Cristo todos possam sentir-se em sua casa. Ao mesmo tempo, através das Paróquias, somos integrados numa Diocese, numa Igreja Universal!”.

Abril, 2016

Fotos do Encontro:

 1- Acolhimento 2 - Convivio

Dança Cigana

Dança Cigana (2)

Visita à Cidade Esztergom Representação Portuguesa Visita à Cidade Esztergom(2)

Esztergom Basilica

Vista da Cidade Esztergom

 

 

 

 

Visita à Cidade Esztergom (2)

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